Amén, o Papa Francisco responde.

No início do mês de abril foi lançado na Disney+, uma das mais conhecidas plataformas de streaming, uma longa-metragem dirigida pelos jornalistas espanhóis Jordi Évole e Màrius Sánchez que apresenta uma conversa do Papa Francisco com 10 jovens de diferentes países, experiências, posturas e perguntas, a maioria distantes da Igreja.

É num ambiente informal e descontraído num prédio do bairro Pigneto, em Roma que o Papa se encontra com estes jovens inicialmente algo tímidos e expectantes pela oportunidade de dialogar com o líder da Igreja Católica, mas que rapidamente se vão sentindo à vontade e lhe expõem todas as suas dúvidas e inquietações.

São abordados todos os temas mais “acesos” e omnipresentes nas conversas da nossa geração, desde a identidade sexual, o feminismo, o aborto, a migração, o bullying, os diferentes tipos de abusos, o papel da mulher dentro da igreja, etc. O Papa acolhe e responde a tudo. Mas mais do que as suas respostas (que valem a pena ouvir e refletir) gostava de destacar duas atitudes do Pontífice.

Em primeiro lugar, a escuta. Condição sine qua non para o diálogo. Apesar do título do documentário ser “O Papa responde” fica a sensação de que o Papa passa mais tempo a escutar com atenção as histórias e testemunhos dos jovens do que a responder. Apesar do Papa já nos ter habituado a este seu desejo de encontro, não deixa de ser impactante vê-lo sair das fronteiras do Vaticano para se encontrar, assim sem defesas, com esta dezena de jovens, que representam tantos milhares de outros e escutá-los e deixar-se questionar com os ouvidos e o coração abertos.

Em segundo lugar, sempre que Francisco toma a palavra, a escuta dá lugar a um acolhimento incondicional. Francisco, que inicialmente estava mais sorridente e brincalhão, deixa-se tocar e emocionar pelas palavras dos jovens e agradece uma e outra vez a valentia dos seus testemunhos. Mais tarde, ao responder a uma pergunta sobre o lugar das pessoas do coletivo LGBT na Igreja, traduz esta atitude em palavras: “O meu dever é receber sempre”.

No final, dá a sensação de que já não se trata de desconhecidos e de que naquelas horas de diálogo surgiram verdadeiras relações. A nós católicos, sinto que o Papa nos volta a dar um exemplo prático da nossa missão e nos diz de forma clara: Amem. Assim, sem acento. O Sim do Amén tem como consequência o “Amem”… a todos, sem exceção. Como disse aquele profeta de Nazaré quando se despedia dos seus discípulos (Jo 13, 34-35).

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