Educadores da fé?
“Eu creio que sonhar o impossível é como que ouvir a voz de alguma coisa que pede existência e que nos chama de longe.” (António Barreto)
Esta citação expressa o meu sentir como educadora em geral, e como testemunha da fé, em particular. É que, quase parece impossível ser e dar verdadeiro testemunho da fé, hoje, no caos de múltiplas correntes da mediocridade que, de forma sub-reptícia, geram em nós um sentimento profundo e inconsciente de que não vale a pena. O que é preciso é esquecer, e, logo se vê! Só que este esquecimento é explorado por todas as formas de alienação que criam a ilusão de felicidade, roubando-nos a verdadeira alegria da alma.
Como podemos “ser diferentes”, então, no concreto do dia a dia, junto e com o “rio impetuoso” de pessoas com quem interagimos, tão carentes de sentido de vida e sedentos de liberdade?
Para o sucesso contagiante da nossa presença é necessário sermos exemplos de coerência, através de atitudes e comportamentos, mais do que com palavras, tão frequentemente afastadas do nosso agir: “Conhece-te, ama-te, supera-te!” (Stº Agostinho). Como ninguém pode dar o que não tem, é necessária uma disciplina diária de mergulho na nossa consciência para, aí, bebermos das águas límpidas que brotam da Voz de Deus, a FONTE.
Para sermos “fermento” vivo e actuante é necessário concretizar a fé “A fé é um modo de já possuir o que se espera, um meio de conhecer realidades que não se veem” (Heb. 11); “Os que são pela fé, são abençoados” (Gal. 3). Essa concretização, sempre assente no propósito puro do BEM, do BOM e do BELO, carece de:
- Clareza de intenção que congrega: desejo, propósito e compreensão
- Vontade livre, que inclui: compromisso e autorresponsabilidade.
- Enfrentar tudo e evitar nada, que aponta para a nossa capacidade de amarmos a nossa consciência desimpedida.
- Imperativo ôntico (divino / cósmico): “Quero ser livre não só para o meu próprio bem, mas para o bem do TODO!” Para bem SERVIR o outro!
Poderia alongar-me com múltiplas frases e, ou, palavras “bonitas”. Prefiro parar e dar-me TEMPO e deixar-vos TEMPO para AGRADECER a FÉ, planeando e celebrando a,
“A POSSIBILIDADE”
Malgrado não tenha ocorrido ainda
celebra a possibilidade.
Coloca algum tempo de lado
para te centrares na promessa de
que venha a ser possível
(de que possa acontecer)
Festeja a possibilidade
(a hipótese, o cenário)
celebra a expectativa de que venha a ser real.
Antecipa a felicidade sobre
a miséria dos dias
pensar a possibilidade é
ver um umbigo em Adão.”
(In Movimento de João Luís Barreto Guimarães)