Testemunhas do Amor de Deus: a intimidade com Jesus, caminho de missão.

Imbuídos no espírito quaresmal, o meu marido e eu decidimos participar num retiro no Centro de Espiritualidade de Ermesinde, Movimento Oásis.

Já nos é familiar toda a envolvência que dá brilho aos temas que nos são apresentados, sempre bem pensados e devidamente estruturados. O acolhimento carinhoso , rico e alegre com cânticos e jogos muito agradáveis e desinibidores.

Já em clima de escuta, o Pe Ricardo, de forma clara e sábia falou-nos do conceito da Bíblia na antiguidade, as transformações e adaptações das Escrituras em rolos e a polifonia de cores. Os textos dizem-nos muito sobre o espírito que pairava na época. Temos na Bíblia a história entre Deus e o homem, a relação entre Deus e o povo. A Bíblia procura dizer-nos que somos amados contra todas as evidências. “Esperar contra toda a esperança”. Abraão é a pedra de toque. O ato da Criação é uma manifestação do amor de Deus. Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança. Na descriação: dilúvio , guerras, Deus não é indiferente ao mal. S. João diz- nos que Deus amou tanto o Seu Filho que deu a Sua vida por nós. É preciso escutar estas duas vozes que palpitam na Bíblia. Não podemos calar esse  Deus apesar de tudo o que está a acontecer à nossa volta temos uma relação de amor com Cristo. Do mal pode brotar o bem. Os caminhos são insondáveis

A irmã Vera Maria de Jesus, monja, apresntou-nos, com toda sua sapiência, um relato  bíblico deveras curioso para nos fornecer os elementos principais da  “ oração contemplativa”. A oração contemplativa é um dom. Há um encontro, uma relação pessoal. Deus chama Moisés, tem a iniciativa. O indizível , que não se pode dizer nem escrever. O ser humano responde livremente. Aqui estou. Somos livres de responder ou não. Só na liberdade é possível AMAR. Ficamos sós para ter COMPANHIA, a companhia do Senhor. Para uma relação de intimidade precisamos de tempo, silêncio, tranquilidade e abertura amorosa ao Outro. Sta Teresa de Ávila dizia:” Mira que Ele te mira”. Deus está sempre presente, nós é que temos limitações e incapacidades. A oração – contemplação, não é pensar sobre Deus ou sobre os Seus mistérios, é estar com Deus, é permanecer à Sua espera perseverando humilde e amorosamente. Para vires a possuir tudo, não queiras possuir nada. Se te deténs num detalhe não vês o todo. Nesta desnudez acha o Espírito o Seu descanso. “ Se queres rezar necessitas de Deus que dá a oração àquele que ora”. “Oração é estar COM Deus”

A Isabel com toda a sua energia e saber falou-nos da Identidade do Cristão no mundo. Nós  cristãos pensamos pouco como é ser cristão no mundo. O papa Francisco é uma interpelação imensa. O nosso processo de Identidade é um processo de construção .Realização de diálogo com o mundo, com os outros, com Deus. A história da Salvação é a salvação da História. Deus mandou o Seu Filho, que se “tornou gente”, para esta “gente” perceber que sem salvação aqui, não há salvação. Nós somos corresponsáveis pela salvação. Temos de ser procriadores do mundo, construir o Reino aqui. A construção da identidade de cada um tem de se fazer em três dimensões: a fidelidade ao ministério de Deus, ao ministério do homem e a fidelidade a si próprio. O anúncio explícito de Jesus Cristo pode e deve ser feito a partir das nossas atitudes, dos nossos testemunhos. Onde cada um de nós encontra a plenitude da realização humana. Quanto mais humana eu for, mais capacidade tenho de tornar a sociedade, à minha volta, mais humana. Está ali uma periferia a precisar de mim, é começar por aí. O cristão tem de pensar trazer à sociedade a incidência ética daquilo que acredita. A vontade de Deus é a profunda felicidade e realização de cada um. O nosso lugar no mundo é uma presença pública e profética. Só um comportamento evangélico pode ser garantia de esperança para o mundo. Ninguém se salva por chegar à conclusão que Deus é o salvador. Temos de acolher o outro no que ele tem de bom como criatura e assim atingimos a nossa identidade.

A Eucaristia foi o ponto alto do nosso retiro. O Pe Emanuel dissertou sobre a parábola da Samaritana de uma forma tão rica e clara que, quando Jesus lhe disse: o sétimo marido SOU EU, o esposo, o Senhor ressuscitado, cada um de nós viu a Samaritana deixar a bilha, o poço e levar a água viva à humanidade. Peçamos ao Senhor – Dá-me de beber para sermos canais desta água que jorra para a vida eterna.

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