Por entre as panelas.

Ao acolher o desafio para viver no Centro de Espiritualidade não sabia muito bem o que me esperava. Disse sim e deixava o coração aberto, para responder às necessidades do momento.

Não tinha experiência de cozinha, na minha casa apenas colaborava.

Aqui, a realidade era outra, fui-me habituando aos contornos que a história ia tecendo. A cozinha passou a ser santuário de oração. Como diz Santa Teresa “Deus está entre as panelas na cozinha”. Trazer Deus para o meio das coisas simples, deixar que Ele ali permaneça, eis a minha missão.

A oração da manhã nos dias em que temos encontros faço-a na cozinha, entre o aquecer do leite e colocar o pão na mesa.

O bom dia de quem chega, o abraço de quem volta, dão-me energia para a azáfama do dia.

 Pegar as coisas da terra, cuidar, preparar, transformar e levar à mesa refeições simples, mas revestidas de muito carinho, dão ao meu serviço um sentido profundo da entrega da vida.

As partilhas à volta da mesa com um simples chá, o sorriso de gratidão quando lavo um joelho ferido, o chocolate e o abraço quando há a saudade da mãe, fazem-me sentir plenamente agradecida porque Deus olhou para a sua humilde serva.

Quero continuar a ser sal, não para temperar demais, mas para que a minha vida não se torne insípida.

Quero ser Luz, não para encandear quem se aproxima da cozinha, mas para que a cozinha seja espaço de acolhimento, partilha e aconchego.

Que Deus me ajude a viver a humildade, centro da nossa espiritualidade e que o movimento cresça e dê bons frutos na Igreja e no Mundo.

Anterior
Anterior

A alegria de ser santo.

Próximo
Próximo

Não andeis, pois, inquietos.