O que é o perdão?
O perdão é um acto de benevolência com o qual oferecemos um dom extraordinário. De facto, dirigimo-lo a quem quis ou procurou o nosso mal (pequeno, grande ou muito grande). Queremos o seu bem e, antes de mais, a sua paz interior. Isto significa que quem perdoa não pode pensar que está a encorajar o malfeitor a continuar a fazer o mal.
Quando se trata do mal infligido a ti, não pões restrições: como fiel discípulo de Cristo, estás disposto a perdoar. Por outro lado, colocas restrições àqueles que fazem o mal a quem, justa e prioritariamente, estás obrigado a proteger. Mas, a legítima restrição pode ser só esta.
Não podes encorajar o malfeitor, assumindo uma atitude que possa ser entendida – por ele ou por outros – como desinteresse, fraqueza ou, pior ainda, como cumplicidade. Devemos desencorajar o malfeitor. Mas, não podemos fazê-lo praticando nós o mal.
Por sua vez, a legítima defesa, a condenação do acto, a reprovação directa ou indirecta, o desejo de que quem faz o mal receba – de Deus ou dos homens para isso mandatados – a justa punição.
Porém, uma certa repugnância instintiva, por vezes, torna – contra a nossa vontade – irresistível tudo isto. Mas, está em contraste com o perdão sincero que Jesus manda a quem quer ser seu discípulo.
Se não cumpres este grave preceito de perdoar, pedes a tua condenação quando, no Pai-Nosso, dizes: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos...”
(Così semplicemente, I. Dio, pág. 88-89)